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My health | Investigar os sinais vitais

09.01.2012
  • Incentivos às Empresas
  • I&DT

Uma toca para monitorizar em casa a atividade cerebral de doentes com epilepsia ou crises convulsivas ao longo do dia. Parece uma ideia futurista? Desengane-se.

neurónio
neurónio

Podutos como este podem chegar ao mercado dentro de um ano e meio a dois anos.

Imagine que pode perceber, através de medições realizadas num fio de cabelo, o nível hormonal ou de um determinado medicamento no organismo. Ou que pode usar uma toca para monitorizar em casa a atividade cerebral de doentes com epilepsia ou crises convulsivas ao longo do dia.
Parecem ideias futuristas mas estão a avançar a passos largos em Portugal. Apesar dos cortes, na saúde e na inovação, hospitais e universidades continuaram a inovar.

O projeto chama-se My Health e une 60 investigadores da Universidade do Minho (UM), uma unidade do Serviço Nacional de Saúde e empresas do norte do país, como a Têxtil Manuel Gonçalves (TMG), a Frulact, a Plux, a Karl Storz. A investigação da Universidade do Minho está a ser cruzada com os conhecimentos da indústria têxtil para que produtos como uma toca para monitorizar em casa a actividade cerebral deixem de ser ficção. 

Na base deste projecto está a investigação da UM que permitiu criar protótipos que aliam dispositivos que permitem medir os sinais vitais a peças de roupa usadas no dia-a-dia. Conforme referiu Nuno Sousa, diretor do Curso de Medicina da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho, em entrevista sobre o projeto My Health: “Queremos transformar o conhecimento em valor e torná-lo acessível para todos. Esta iniciativa do QREN foi para financiar este mundo mais académico e empresarial”, explica. “Vai permitir-nos fazer o registo durante a rotina diária da pessoa – em casa ou no local de trabalho, e monitorizar muito melhor a atividade cerebral, através de eletroencefalograma”, acrescenta. 

O desafio é criar, agora, produtos suficientemente fiáveis e esteticamente interessantes. "Ninguém quer andar com um capacete a fazer um eletroencefalograma. Mas se aplicarmos os dispositivos num boné tornamos o produto mais apelativo", diz Isabel Furtado, administradora da TMG.
"Temos que perceber como transformar uma boa ideia num produto que traz valor", afirma Nuno Sousa.

O projeto divide-se em nove módulos, para aplicações em diversas áreas. Além de um boné ou de um gorro que registe os sinais vitais do cérebro, a equipa está a desenvolver camisolas com sensores que realizam eletrocardiogramas, cintas para grávidas que monitorizam a frequência cardíaca fetal e pijamas que medem os sinais vitais durante o sono.

A informação destes dispositivos tornará mais fiável determinados diagnósticos, mas também permitirá conhecer com mais regularidade o estado de saúde dos doentes. O programa será também acompanhado pela Unidade de Saúde do Alto Minho e associado a Unidades de Saúde Familiar.

A UM e a TMG vão colaborar ainda para projetar novos produtos. Os trabalhadores da têxtil farão investigação na universidade e os académicos poderão conhecer mais de perto a realidade empresarial. "Podemos levar as coisas do laboratório para os doentes e vice-versa, num conceito a que chamamos investigação-translação", explica Nuno Sousa.

Enquadramento

O sector da saúde em Portugal enfrenta desafios decorrentes de factores como o envelhecimento da população, o aumento acentuado do número de doentes crónicos, a escassez de recursos humanos especializados, o aumento da regulação e o aumento da competição a nível global. No entanto, tais desafios oferecem novas oportunidades às entidades públicas e privadas de prestação de serviços de cuidados primários de saúde, que têm como objectivo a oferta de melhores cuidados de saúde para um número crescente de pacientes a custos mais reduzidos.

O COMPETE – Programa Operacional Factores de Competitividade assume como objectivo central contribuir para a promoção de níveis de crescimento económico sustentado e incorpora instrumentos indutores de atitudes e comportamentos empresariais mais valorizadores da inovação e do conhecimento.

Neste contexto, os projectos mobilizadores do Sistema de Incentivos à I&DT classificados como âncora no âmbito das Estratégias de Eficiência Colectiva (EEC) reconhecidas como Pólos de Competitividade e Tecnologia e Outros Clusters (PCT/OC) revestem uma relevância que cumpre apresentar aos beneficiários e ao grande público em geral.

Estes projectos caracterizam-se pelo seu cariz transversal decorrente da multiplicidade de interesses e diversidade de competências científicas e tecnológicas mobilizadas, bem como pelo elevado conteúdo tecnológico e de inovação, gerando impactes significativos a nível multisectorial e/ou regional e/ou ao nível de determinado cluster, constituindo-se como um vector essencial para a concretização e afirmação de estratégias de desenvolvimento sustentadas em lógicas de eficiência colectiva.

É neste contexto que se enquadra um dos projetos mobilizadores do Health Cluster Portugal: Do IT – Desenvolvimento e Operacionalização da Investigação de Translação. Em conjunto com o projeto ALL4ALL - Padrão de Cuidados Primários para Serviços de AAL, envolve um total de investimento de 17 milhões de euros, correspondendo a um incentivo FEDER de 10 milhões de euros.

Trata-se de iniciativas estruturantes do programa de acção do Pólo da Saúde que contribuem  para a prossecução de alguns dos mais relevantes objectivos do HCP, entre os quais:

  • contribuir para a mudança dos paradigmas vigentes de valorização do conhecimento;
  • promover e consolidar um clima de cooperação (e/ou de competição) entre os actores-chave na cadeia de valor da saúde;
  • contribuir para o robustecimento da cadeia de valor da saúde; promover internacionalmente Portugal enquanto player de referência na cadeia de valor da saúde.

O projecto DO IT mobiliza um conjunto significativo de parceiros - empresas, entidades do sistema científico e tecnológico, e unidades prestadoras de cuidados de saúde - em prol do desenvolvimento de produtos/processos inovadores para diagnóstico, prognóstico, tratamento ou prevenção de doenças (novas soluções terapêuticas, novos métodos de diagnóstico, novos biomarcadores, e dispositivos médicos associados), nas áreas do cancro, doenças neurodegenerativas e doenças metabólicas (diabetes); equipamentos/ serviços/ processos/ aplicações inovadoras no domínio da e-saúde (e-health).

O My Health é uma de quatro iniciativas no país que une investigadores e empresas. Assim, a título de exemplo, além do têxtil há um trabalho entre investigadores e empresas na indústria agro-alimentar. Os investigadores da Universidade do Minho identificaram carências de nutrientes e estão a criar suplementos alimentares que ultrapassem esses défices. Em fase de desenvolvimento está a criação de leites e iogurtes com suplementos de iodo. Alimentos como estes contribuirão para reduzir essas falhas e permitir um crescimento saudável das crianças ou a melhoria da saúde de adultos.

Para mais informação sobre os projetos mobilizadores, consulte o menu media|notícias.