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PT 21 - Powered Textiles Século 21

09.05.2014
  • Incentivos às Empresas
  • I&DT

O projecto mobilizador PT21 tem como objectivos englobar um conjunto de iniciativas de I&D de forte carácter colectivo e elevado efeito indutor e demonstrador, com o envolvimento central de empresas da fileira Têxtil e Vestuário, mas também de outros sectores da economia complementares.

Projeto PT 21 - Powered Textiles Século 21
Projeto PT 21 - Powered Textiles Século 21

PT 21 - Powered Textiles Século 21

Os eixos de intervenção deste projecto mobilizador passam por:

  • Desenvolvimento de têxteis técnicos para o interior automóvel, de acordo com três eixos: novas tecnologias de couro artificial, sensorização e electrónica impressa em têxteis técnicos e headliner multifuncional e leve.
  • Funcionalização de fios e tecidos têxteis, bem como o desenvolvimento de um equipamento inovador de auto-limpeza de artigos têxteis.
  • Concepção e desenvolvimento de tecidos finos bi-elásticos funcionalizados de elevada qualidade e alto valor e desenvolvimento de tecidos para acessórios moda de acordo com as modernas tendências de moda e consumo, seguindo conceitos estéticos e funcionais.
  • Desenvolvimento de vestuário técnico e funcional, ou seja, desenvolver têxteis técnicos (fios, tecidos, malhas, estruturas multicamadas e processos de ultimação) que se irão aplicar em vestuário para 2 grandes áreas: protecção ao fogo (Bombeiros), desportos ao ar livre (Golfe). É ainda objectivo desenvolver o processo de integração de “wearables” no têxtil de modo a complementar o vestuário a desenvolver, incrementando os níveis de protecção e conforto para o utilizador final, nomeadamente através da integração de sensores para monitorização e alerta dos níveis da temperatura e monóxido de carbono, sistemas de comunicação sem ocupação das mãos, sistemas de aquecimento e refrigeração.
  • Desenvolvimento do conceito loja do futuro pela via do desenvolvimento e da aplicação inovadora de ferramentas e soluções no âmbito das TICE, necessários para a implementação de um novo conceito de pontos de vendas, simultaneamente integrado na cadeia de valor via RFID.
  • Criação de uma linha de produtos de protecção osteológica e de protecção dermatológica, que suportem a melhoria da qualidade de vida e o bem-estar, particularmente aplicados à população idosa e com necessidades especiais.
  • Desenvolvimento de têxteis técnicos para os sectores do Habitat, ou seja, pretende-se desenvolver uma solução compósita que agregue os materiais de madeira, têxtil e uma resina especificamente formulada para o efeito, bem como, materiais decorativos através da incorporação de fibra óptica e outros elementos luminosos.


O projecto desenvolvido no âmbito do Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, envolveu um investimento total de 7.139.608€ e um incentivo FEDER de 5.000.000€.

Em entrevista ao COMPETE, Braz Costa, Diretor geral do CITEVE e administrados do CeNTI, parceiros do projeto, revela na primeira pessoa qual a mais valia desta tiplogia de projetos, que associa em consórcio uma pluralidade de agentes económicos e de instituições de saber.

1. Sinteticamente qual o âmbito do projeto?

O projeto mobilizador PT21 – Powered Textiles 21, inserido no Pólo de Competitividade da Moda, visa lançar um conjunto de iniciativas de I&D de forte carácter coletivo e elevado efeito indutor e demonstrador em áreas que se consideram críticas para o reposicionamento e sucesso das indústrias têxtil e vestuário. Neste sentido, conta com o envolvimento central de empresas da fileira Têxtil e Vestuário, mas também, outros de sectores da economia comos quais a ITV cruza, sobretudo na aplicação de têxteis técnicos.

Projeto PT 21

 

2. Quais os principais objetivos? Esses objetivos foram cumpridos ou houve necessidade de ajustes?

O projeto tem como promotor líder a TMG Automotive, sob a coordenação técnica do CITEVE, e estrutura-se em torno de sete PPS (Produtos, Processos ou Serviços) técnicos que visam o desenvolvimento de soluções inovadoras em diferentes áreas:

• PPS1 – Auto Solutions – Soluções têxteis aplicadas à mobilidade: soluções respiráveis (conceito Artificial Like Leather), sensorização e eletrónica impressa em artigos têxteis e headliner multifuncional e leve (Innovative Headliner);

• PPS2 – Cleaning – Novas funcionalidades para autolimpeza de artigos têxteis;

• PPS3 – High Tech Fashion – Conceção de novos fios e tecidos técnicos para moda;

• PPS4 – Vestuário Funcional – Desenvolvimento de vestuário técnico e funcional orientado à performance e proteção humana;

• PPS5 – ICT4Business – Produtos e serviços ao nível do shop floor (planeamento, controlo, distribuição, logística e loja): Shop of the Future;

• PPS6 – Medical Devices – Têxteis técnicos aplicados à saúde: desenvolvimento de EPI (Equipamentos de Proteção Individual) para a saúde com vista à promoção da melhoria da qualidade de vida e o bem-estar (proteção osteológica e proteção dermatológica);

• PPS7 – Habitat – Desenvolvimento de novos têxteis técnicos aplicados aos sectores habitat.

As atividades de I&D associadas a estes PPS têm vindo a permitir que os promotores do projeto, em particular as empresas, coloquem em prática os seguintes objetivos:

  > Gerar uma dinâmica coletiva, trans-sectorial e multidisciplinar de I&D;  > Gerar um caudal crítico de transformação da ITV;  > Romper fronteiras à tradicional fileira têxtil;

 > Induzir intervenção em áreas críticas para a mobilização da ITV;

 > Melhorar processos de transferência de conhecimento;

 > Garantir um efeito arrastador de novas vontades e vocações.

Apesar de o projeto estar ainda a decorrer, o trabalho desenvolvido permite afirmar que os principais objetivos estão a ser cumpridos. Os resultados conseguidos ao nível dos novos produtos de elevada performance desenvolvidos, as novas aplicações de materiais têxteis, assim como novas práticas de I&D implementadas, têm vindo a permitir que as 29 entidades envolvidas possam incrementar positivamente as suas atividades de I&D, apresentando resultados práticos que o comprovam no domínio dos processos, conceitos, produtos altamente inovadores e de elevado conteúdo tecnológico. 

 

3. Quantas entidades estiveram envolvidas?

O projeto mobilizador PT21 conta com 29 entidades, sendo que 19 destas são empresas nacionais de diversos setores, com especial predominância do têxtil e vestuário, e 10 entidades do sistema científico nacional (entre Centros de I&D+I e Instituições de Ensino Superior).  

 

4. Qual a mais-valia do trabalho em parceria entre promotores de áreas tão distintas?

Pode-se considerar que a mais-valia do trabalho em parceria, com promotores em áreas tão distintas, se verifica a três níveis:

• A complementaridade de know-how pelos diferentes promotores permite impulsionar a diversificação dos têxteis tradicionais para têxteis técnicos, funcionais e inteligentes através de novas soluções inovadoras e de elevado conteúdo tecnológico, dificilmente alcançáveis quando levadas a cabo por uma empresa individual;

• Condução das atividades de I&D numa lógica de eficiência coletiva, por forma a racionalizar os gastos nessas mesmas atividades e aproveitamento de spillovers;

• Alargamento das fronteiras dos produtos têxteis para aplicações em cadeias de valor complementares e de elevado valor acrescentado;

• Alargamento dos horizontes para a inovação em produtos das cadeias complementares à ITV, pela integração de têxteis técnicos de elevada performance.

 

5. Os projetos Mobilizadores foram todos inseridos no contexto de processos de eficiência coletiva devidamente reconhecidos (Polos de Competitividade e Tecnologia e Outros Clusters), considera esta opção uma mais-valia?

No caso do PT21, a maturidade das empresas envolvidas e o impulso e visão holística do CITEVE como facilitador, ultrapassaram largamente o impulso da estrutura de governação do Polo de Competitividade da Moda. Por outras palavras, o setor dispõe desde há muito de mecanismos de agregação (clusterização) para exploração de complementaridade de uma indústria polifacetada e integrada num espaço geográfico relativamente concentrado, agregação que esta a contaminar positivamente a área do I&D.

Todos os modos, consideramos uma ajustada opção pela ligação entre clusters reconhecidos e a promoção de projetos mobilizadores.  

 

6. Poderá afirmar-se que o programa COMPETE foi um fator estratégico para mobilização dos vários parceiros do projeto? Em que medida?

Na sua maioria, e face aos desafios colocados pela conjuntura atual, todos os promotores envolvidos no projeto desenvolvem atividades de I&D, com o objetivo de adotarem novos processos e lançarem soluções inovadoras nos mercados em que atuam.

No entanto, a dimensão do esfoço em I&D, na ausência de incentivos, seria substancialmente inferior. A principal razão prende-se com a natureza e risco económico inerente a este tipo de atividade, ainda que focada em oportunidades de mercado, assente numa atitude exploratória de novos caminhos, por natureza ainda não confirmados como negócio seguro.

Devemos destacar o valor particular deste tipo de programas no desbloquear de receios para a promoção de projetos de I&D em colaboração entre empresas, para além da indução da cooperação entre empresas e entidades do sistema científico.

Por tudo o que foi referido, o programa COMPETE foi de fato um fator crucial para a mobilização das empresas e para impulsionar inovação, potenciar os resultados e aumentar a dimensão e o ritmo das atividades de I&DT, mantendo um esforço sustentado nesta área em harmonia com a estratégia de crescimento do negócio.

 

7. Já são conhecidos alguns dos resultados?

Neste momento do programa de trabalhos, já existem naturalmente resultados das atividades desenvolvidas, alguns deles materializados em protótipos nos diferentes PPS técnicos. 
Ainda assim, os 7 meses disponíveis até ao encerramento do projeto, serão usados para  a otimização de muitos destes resultados.

Os resultados serão apresentados publicamente, em Setembro, aquando da próxima Modtíssimo, feira de referência nacional para o setor da indústria têxtil e vestuário. À medida que forem sendo tornados públicos, os resultados serão divulgados através do site do projeto (http://www.citeve.pt/pt21/).  

 

8. Em termos genéricos, que balanço faz do projeto?

Sem dúvida um balanço francamente positivo. Em todos os sete PPS técnicos foi possível desenvolver diferentes produtos inovadores, a maioria deles a ser explorados pela ITV mas, ao mesmo tempo, aportando capacidades desta indústria a outros agregados económicos para melhor explorarem oportunidades de negócio de valor acrescentado, impulsionando a diversificação da ITV de têxteis tradicionais para têxteis técnicos, funcionais e inteligentes.

Supletivamente, os resultados do PT21 contribuirão para o bem-estar e melhor qualidade de vida dos seus futuros utilizadores.

 

9. Se tivesse de implementar melhorias quais destacaria?

O programa afigura-se bem balanceado, apesar da elevada complexidade induzida pela intrínseca natureza de projetos envolvendo tantos parceiros, tantas tecnologias e tantas atividades.
Talvez a principal sugestão de melhoria seria a inclusão das atividades de intelligence tecnológica, como de capital importância para esta tipologia de projetos.

 

10. Existem instrumentos de apoio ao processo de investigação e inovação. Em que medida o consórcio aproveita estes instrumentos?

De modo a garantir um esforço sustentado em atividades de I&DT, que mobilizem capacidades e competências científicas e tecnológicas, com impactes significativos a nível multissectorial e regional, a maioria dos promotores do consórcio do projeto mobilizador PT21 recorrem a diferentes instrumentos de apoio ao processo de investigação e inovação.

Para além do programa COMPETE, por via do apoio concedido ao projeto Mobilizador aqui em análise, os promotores têm implementado projetos de IDT individuais e projetos de IDT em copromoção. Existem ainda, casos pontuais, de promotores (empresas e entidades do sistema científico) que têm trabalhado em projetos europeus, recorrendo a instrumentos de apoio como o 7ºPQ, por exemplo.

Este envolvimento e recurso a outros instrumentos de apoio denota a clara aposta das entidades na melhoria contínua dos processos de investigação. 

 

11. Surgiram outras atividades, para além das previstas, que enriqueceram o projeto?

Salientamos particularmente 2 atividades que consideramos ter enriquecido o projeto:

i) No caso das Instituições do Ensino Superior têm vindo a ser ampliadas as possibilidades de participação em conferências e publicações de artigos técnicos sobre as áreas exploradas pelo projeto e os principais resultados obtidos, permitindo uma disseminação mais alargada;

ii) A participação em alguns PPS de clientes finais, opinnion makers e representantes de clientes (é exemplo a Associações dos Bombeiros Portugueses), em processos de ‘open innovation’, com o benefício claro de uma identificação mais facilitada e efetiva das áreas a desenvolver. Estes processos vieram igualmente possibilitar uma diminuição do risco de não-aceitação do mercado e, concomitantemente, do aumento das possibilidades de exploração económica de resultados. 

 

12. Como encara o enquadramento deste tipo de projetos no novo período de programação, designadamente no Programa Operacional de Competitividade e Internacionalização?

Importantíssimo. Embora difíceis este tipo de projetos integram, como salientado acima, um vasto leque de resultados colaterais aos produtos e processos desenvolvidos de capital importância para o desenvolvimento de capacidades de valorização da atividade industrial em Portugal.

Numa intervenção apenas, e valendo o conceito de eficiência coletiva, obtêm-se resultados normalmente cobertos por instrumentos muito diversos:

• Desenvolvimento de novos produtos e novos processos

• Cooperação empresarial

• Cooperação entre empresas e SCT

• Desenvolvimento da capacidade endogeneizada de inovar

• Capacitação dos recursos humanos envolvidos

• Diversificação de mercados e exploração de novos eixos de produto por empresas com necessidade de trabalhar em segmentos de maior valor acrescentado

• Dinamização do recurso a mecanismos de proteção da Propriedade Industrial

• ‘Multidisciplinarização’ do desenvolvimento de produtos e da produção industrial

• Exploração cruzada de oportunidades e de conhecimentos entre agregados e cadeias de valor.

E finalmente…

• Criação de positivos efeitos de arrastamento de empresas menos atentas ao valor da I&D, ou de simples imitação por estas, das empresas envolvidas.